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Lembrança do massacre de Realengo dá o tom a lançamento da campanha do desarmamento

A dor das famílias que perderam parentes no massacre cometido no último dia 7 em Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, foi lembrada pelas autoridades, nesta sexta-feira (6), no lançamento da campanha nacional do desarmamento, realizado na capital fluminense.

"A escola é um local de sonhos e futuro. É muito ruim ver um local como esse transformado no palco da tragédia que vimos", disse o prefeito do Rio, Eduardo Paes. A campanha do desarmamento já estava prevista para ser lançada este ano e foi antecipada após a matança ocorrida na escola municipal Tasso da Silveira, que chocou o Brasil. "A arma na mão de alguém não capacitado é sempre um risco e uma vida que será interrompida", declarou o governador do Rio, Sérgio Cabral.
Segundo dados do Ministério da Justiça, 80% dos homicídios registrados anualmente no Brasil são cometidos com armas de fogo legalmente comercializadas. O ministro José Eduardo Cardozo destacou que a campanha do desarmamento "coloca a nu a necessidade do debate sobre a cultura da violência". Em seu discurso, Cardozo também se solidarizou com as famílias das vítimas.Para parlamentares, plebiscito do desarmamento foi "feito às pressas" e não garante mudança na legislação.
Pai da adolescente Ana Carolina, uma das 12 vítimas do massacre em Realengo, Raimundo Nazaré Freitas da Silva apoia a campanha. "Algumas armas que serão recolhidas poderiam ser usadas para matar alguém. Arma não adianta nada, só adianta para quem quer fazer besteira", disse. Ele e outros parentes de vítimas se reunirão com o ministro da Justiça e entregarão a ele um documento com propostas para melhorar a segurança nas escolas públicas de todo o país.
A campanha entitulada "Tire uma arma do futuro do Brasil" não possui como meta uma quantidade definida de armamentos a serem recolhidos. Nas duas últimas campanhas, uma entre 2004 e 2005 e outra entre 2008 e 2009, foi recolhido um total de 550 mil armas. Desta vez, de acordo com Cardozo, o Ministério da Justiça possui R$ 10 milhões destinados a indenizar aqueles que entregarem armas, que receberão valores entre R$ 100 e R$ 300, dependendo do tipo da arma. No entanto, não será oferecida recompensa às munições entregues. "Que Deus me ajude a ter que cortar outras ações do Ministério da Justiça para alocar mais de R$ 10 milhões", disse o ministro. Com a verba, o ministério poderá pagar por, no máximo, 100 mil armamentos.
A entrega poderá ser feita não apenas em postos policiais, mas também em locais credenciados, tais como ONGs, igrejas e associações maçônicas. A arma será destruída a marretadas no momento de seu recolhimento. Quem entregá-la não precisará se identificar. A campanha se estende até 31 de dezembro.

Controle das fronteiras
O ministro José Eduardo Cardozo aproveitou o lançamento da campanha também para dizer que o Brasil está investindo em um controle mais rigoroso de suas fronteiras. "O controle das fronteiras é fundamental para atacar o crime organizado e asfixiar organizações criminosas", afirmou.
Segundo ele, já estão em funcionamento dois gabinetes de gestão integrada da fronteira -- um no Mato Grosso do Sul, outro no Paraná e um terceiro será instalado no Rio Grande do Sul.
Contudo, o deputado estadual Zaqueu Teixeira (PT-RJ), vice-presidente da CPI das Armas na Assembleia Legislativa do Rio, salientou que o contrabando internacional não é a principal origem das armas que caem nas mãos de bandidos."A maior parte das armas ilegais são armas curtas que chegam na sociedade legalmente e acabam caindo na ilegalidade. É preciso diminuir essa fonte", defendeu.
Cardozo, por outro lado, admitiu que a questão não se restringe ao controle das fronteiras e preconizou uma cooperação maior entre as forças nacionais de segurança. "Quando você tem várias causas de um mal, tem que combater todas, no limite das suas possibilidades. Integração é a chave da segurança pública"

Plebiscito
Logo após a atrocidade de Realengo, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB), propôs que o país fizesse um novo plebiscito a respeito da permissão de posse e porte de armas de fogo por cidadãos comuns. O ministro Cardozo salientou nesta manhã que o governo federal não irá interferir na questão. "É uma discussão que tem, obviamente, ensejado polêmica, e o governo acatará aquilo que for decidido pelo Congresso Nacional", resumiu o ministro da Justiça.

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