"É o dia mais triste da história do Grêmio...
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O Grêmio está preocupado com a perseguição que sua torcida pode passar a sofrer pelo país
"É o dia mais triste da história do Grêmio. Nem se tivéssemos sido rebaixados para a terceira divisão seria tão triste", afirma Nestor Hein, membro do conselho administrativo tricolor e um dos vice-presidentes do clube. Ao mesmo tempo em que desabafava contra a decisão do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) de excluir os gaúchos da Copa do Brasil após as ofensas raciais ao goleiro Aranha, do Santos, na semana passada, ele se mostrava preocupado com o estigma de racista que acredita que passará a acompanhar seus torcedores.
"Nem um macaco faria pior", dispara ao ESPN.com.br, sobre os efeitos da decisão do tribunal.
Hein recorre a um exemplo que vem de sua família.
No próximo sábado, às 18h30 (de Brasília), o Grêmio visitará o Flamengo no Maracanã. Segundo o dirigente, o seu filho, que mora no Rio de Janeiro, não poderá ir ao estádio com a camiseta do time porque, de acordo com informações que circulam nas redes sociais, rubro-negros prometem perseguir os tricolores e ameaçam espancá-los pelas ruas.
"Foi um julgamento inquisitório e maldoso. Em 2011, um jogador do Flamengo denunciou que teria sido chamado de 'macaco' contra o Santos. O Santos é um clube racista? Mataram um garoto em disparo feito a partir da torcida do Corinthians. O Corinthians é um clube assassino? O mesmo aconteceu com o Palmeiras outro dia. O Palmeiras é um clube assassino? Essa é uma pena injusta contra uma direção que lutou contra isso. O resultado do STJD significa apenas que os racistas venceram", analisa Nestor Hein.
"Com a homofobia comparada ao racismo, se cantarem 'gaúcho gay' e 'gremista gay', quer dizer que podemos paralisar o jogo. Essa é uma extensão da decisão. Um sinal de que não devemos combater (as organizadas) e ceder às chantagens, dar dinheiro para elas porque, no fim das contas, reconheceram que o Grêmio e seus dirigentes são compostos por racistas", conclui.
Um outro dirigente da alta cúpula do Grêmio procurado pelo ESPN.com.br na última noite mostrou resignação com o resultado e revelou que, através de fontes no Rio de Janeiro, a decisão pela exclusão da equipe já era conhecida desde a segunda-feira.
Perguntado por mais detalhes, preferiu não se alongar. Na saída do tribunal, o próprio presidente Fábio Koff sugeriu que tudo "já estava decidido".
Ainda nesta quarta-feira, o departamento jurídico tricolor anunciou que irá entrar com recurso no Pleno do STJD para que a pena aplicada possa ser revista. A princípio, o prazo estimado para o julgamento em segunda instância seria de 15 dias, mas, para não interferir no andamento da Copa do Brasil, ele pode ser antecipado a partir de um clamor entre os auditores do órgão.
Além da exclusão da Copa do Brasil, o time tricolor foi multado em R$ 54 mil. Os responsáveis pelos atos de injúria racial identificados foram proibidos ainda de ingressar em jogos do Grêmio por 720 dias.