Mauricio Stycer
Em Guadalajara (México)
“Vai lá e traz essa medalha”. Esta foi uma das últimas frases que Maurine ouviu de seu pai, Assis Brasil Dorneles Gonçalves. A conversa aconteceu em um hospital de Bento Gonçalves, no interior do Rio Grande do Sul, antes da viagem da jogadora para o México. Dois dias após a morte dele, Maurine cumpriu o pedido, marcando o gol que colocou o Brasil na final do torneio feminino de futebol dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara.
DEPOIS DE PERDER O PAI, MAURINE MARCA E SALVA SELEÇÃO FEMININA NO PAN
A lateral Maurine soube da morte do pai na noite de domingo, mas pediu para continuar com a seleção, decidida a conquistar o título do torneio de futebol feminino dos Jogos Pan-Americanos. Sua opção comoveu a todos no ambiente da seleção. E foi com um gol de Maurine, aos 33 minutos do segundo tempo de uma partida difícil, contra o México, que o Brasil chegou à final da competição.
O Brasil venceu por 1 a 0 e disputará a medalha de ouro na próxima quinta-feira, contra o vencedor do confronto entre Canadá e Colômbia. Leia mais
Muito emocionada, Maurine disse que lembrará para sempre do gol que marcou nesta terça-feira. “Foi Deus que me guiou. Vou lembrar para o resto da minha vida deste momento”, afirmou a jogadora. Ela disse que o luto não a atrapalhou em campo. Ao contrário. “Quando apitou o início do jogo, deixei toda a tristeza sair para fora”.
A jogadora ainda agradeceu também às companheiras de equipe pelo apoio que recebeu nas últimas 48 horas. “Para mim não foi fácil, mas as minhas companheiras estavam o tempo todo me erguendo”
A decisão de Maurine de permanecer com a seleção em Guadalajara depois de saber da morte do pai foi o fator mais importante na preparação para a partida contra o México, disse o técnico Kleiton Lima, na entrevista pós-jogo.
“O fator técnico e o fator tática foram importantes, mas esse fator foi o mais fundamental”, disse Kleiton, com lágrimas nos olhos. “O grupo ficou junto com ela, como que velando o pai dela, nestes dois dias”.
O fato foi tema da prelação de Kleiton, na véspera da partida. “Não é à toa que o pai dela chamava Brasil. Brasil Gonçalves. Falei para elas lembrar de cada letra em campo. Bê de beleza, erre de raça, a de amor, esse de saudade, i de irmandade e ele de liderança