BRASÍLIA - Os afagos que a presidente Dilma Rousseff vem fazendo no governador de Pernambuco, Eduardo Campos, como...
Roberto Stuckert Filho/Divulgação -
"Dilma e Campos em inauguração de obra no
Recife"
BRASÍLIA - Os afagos que a presidente Dilma Rousseff vem
fazendo no governador de Pernambuco, Eduardo Campos, como o almoço na Base Naval
de Aratu, em Salvador, no último sábado, serviram para selar a permanência do
PSB na base parlamentar do governo no Congresso durante este ano. Mas não
conseguiram ainda tirar do também presidente nacional do PSB o compromisso de
que ele não disputará a Presidência da República no ano que vem.
Uma coisa é o acordo para evitar conflagrações num ano em que a
presidente busca sossego para fazer um terceiro ano de governo voltado para a
consolidação das obras de infraestrutura e costura de uma base aliada sólida que
possa garantir sua reeleição; outra é a disputa presidencial, confidenciou ao
Estado um interlocutor de Eduardo Campos. No almoço de sábado ficou decidido que
o PSB evitará qualquer tipo de ataques ao governo.
O governador de Pernambuco é visto no meio político como um
potencial candidato à Presidência, ou em 2014 ou em 2018, o que preocupa o PT.
Correligionários de Campos não escondem que o PSB, partido que mais cresceu
proporcionalmente nas eleições municipais do ano passado, tem a pretensão de
conquistar a vaga de vice-presidente numa reeleição de Dilma em 2014 como um
trampolim político para credenciar Eduardo Campos para um voo solo.
Campos vinha fazendo críticas à política econômica do governo
Dilma. Em entrevista ao Estado em 17 de dezembro, o governador disse que a
presidente terá de retomar o crescimento econômico de forma urgente no primeiro
trimestre. Caso contrário, previu, terá perdido todo o ano de 2013.
O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), também participou da
conversa. Estavam presentes no almoço, ainda, as mulheres dos dois governadores,
a mãe da presidente Dilma, sua filha Paula e o neto Gabriel.
Os dois governadores chegaram à Base Naval de helicóptero, por
volta do meio-dia. Saíram às 19 horas. De acordo com assessores de Campos e
Wagner, Dilma quis fazer do almoço um encontro familiar, com conversas amenas.
Mas falaram também de política. E muito.
Wagner defende a ideia de dar a Campos a vaga de vice na chapa
de Dilma Rousseff nas eleições de 2014. O problema é que o dono da vaga hoje é o
PMDB, o principal aliado do governo. E o presidente do partido, também
vice-presidente da República, Michel Temer, já disse que o PMDB está
comprometido com a chapa de Dilma Rousseff no ano que vem. E que só pensará em
candidatura própria em 2018.
Pressões. Campos vem sofrendo pressão dentro do próprio
partido, por parte de empresários importantes e também de oposicionistas, para
sair candidato a presidente no próximo ano. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva já o procurou para dizer que deve deixar uma possível candidatura para
2018, garantindo-lhe apoio do PT.
No final do ano, o ministro Gilberto Carvalho
(Secretaria-Geral da Presidência) afirmou que 2018 será de fato a vez de Campos.
E que o PT não lançará candidato. Mas Campos não confia nessa promessa nem acha
que os petistas vão desistir de lançar candidato próprio.
Sedução tucana. Na tentativa de manter Eduardo Campos longe da
oposição, especialmente do senador Aécio Neves (PSDB), com quem o pernambucano
tem ótima relação. a presidente Dilma tem atendido a todos os pedidos do
governador. Além da liberação de R$ 1 bilhão para Pernambuco executar a
construção de um canal que vai transportar água do Rio São Francisco para o
agreste pernambucano, a presidente garantiu o financiamento de cerca de R$ 2,4
bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) para
construção de fábrica da Fiat no Estado.
Câmara. No acordo para não criar marolas com o governo
federal, Eduardo Campos comunicou à presidente Dilma Rousseff que a candidatura
do deputado Júlio Delgado (MG) à presidência da Câmara não tem o apoio da
direção nacional do PSB. Trata-se, segundo os esclarecimentos de Campos, de uma
candidatura avulsa do deputado.
O governador tem dito que essa candidatura não garante nenhuma
vantagem para o PSB e partiu de um desejo pessoal de Delgado e assim vai
continuar. O governo apoia a candidatura do peemedebista Henrique Eduardo Alves
(RN). Ainda que a disputa no Congresso tenha sido aparentemente contida, o mesmo
não se pode dizer sobre as articulações políticas para 2014.