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Nordeste já tem mais da metade dos municípios da região em situação de emergência pela seca

Nordeste já tem mais da metade dos municípios da região em situação de emergência pela seca


Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió



Comunicar erro Imprimir O número de municípios que decretaram situação de emergência por conta da seca que castiga o Nordeste continua crescendo. Com os novos decretos publicados esta semana, a região passou a ter mais da metade das cidades nos nove Estados reconhecidamente atingidas pela estiagem prolongada.



Segundo levantamento realizado pelo UOL com as defesas civis estaduais, até a terça-feira (22), 907 dos 1.794 municípios nordestinos já tinham confirmado o estado de emergência, o que representa 50,5% do total de cidades. O número ainda pode crescer, já que alguns Estados ainda estão recebendo decretos das prefeituras.


Somente nos últimos dias, Maranhão decretou emergência em 11 municípios –até então, o Estado era o único que não havia manifestado publicamente problemas com a seca. Na última segunda-feira (21), a Federação dos Municípios do Estado do Maranhão se reuniu para discutir pela primeira vez a questão. Segundo as prefeituras atingidas, já há registro de perda da safra. Em algumas localidades, choveu apenas metade do esperado para o primeiro quadrimestre do ano, o que destruiu culturas como mandioca e feijão.



Municípios em emergência

Bahia 242

Paraíba 170

Rio Grande do Norte 139

Piauí 122

Pernambuco 100

Ceará 69

Alagoas 36

Sergipe 18

Maranhão 11

Na Bahia, o número de decretos de situação de emergência chegou a 242 na última segunda-feira (21). Segundo a Defesa Civil Estadual, ainda há municípios do semiárido que não encaminharam documentação, mas já estão com decretos em fase de finalização. Esta semana, o governo iniciou a distribuição de arroz e feijão doado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Para a região de Irecê foram encaminhadas 1.800 toneladas de feijão e 900 toneladas de arroz. Segundo a Conab, serão distribuídos até 12 caminhões (de 10 toneladas cada um) por dia.

Dos 170 municípios que decretaram emergência na Paraíba, 91 já estão sendo atendidos pela operação Pipa, do Exército. O governo do Estado promete que ainda este mês vai aumentar o número de veículos contratados. A maior preocupação agora é que os municípios entreguem a documentação necessária. Segundo o governo, 80 cidades ainda estão com pendências, o que impede o início de ações emergenciais, como o pagamento do programa Garantia Safra e do Bolsa Estiagem, ambos do governo federal.

No Rio Grande do Norte, 139 municípios estão com a situação de emergência reconhecida pelo Estado, que iniciou as obras para construir 2.800 cisternas. Ao todo, 18 mil estão previstas. O governo também anunciou que o próximo passo será a restauração de cerca de 800 poços já perfurados, mas que não estão em funcionamento. Já aos 40 municípios que possuem poços de água salgada, o Estado vai distribuir dessalinizadores, por meio do programa Água Doce.

Em Pernambuco, a Coordenadoria de Defesa Civil contabiliza cem municípios em situação de emergência no agreste e no sertão do Estado. O governo anunciou medidas de apoio ao sertanejo, como o aumento no preço da compra do leite de R$ 0,76 para R$ 1,00 além da ampliação na oferta de carros-pipa e linhas de crédito para o pequeno agricultor. Segundo levantamento do IPA (Instituto Agronômico de Pernambuco), mais de 90% das plantações de feijão e milho foram perdidas pela falta de chuva.

Boletim da Defesa Civil do Ceará divulgado na última segunda-feira mostra que são 69 municípios com decretos homologados por conta da seca. Segundo a Fundação Cearense de Meteorologia, choveu em maio apenas 15% do que era esperado. Na sexta-feira (18), o governo do Estado anunciou que vai construir 1.500 cisternas para ajudar no armazenamento da água.



Em Alagoas, o número de municípios em emergência chegou a 36. O governo do Estado anunciou, em reunião na segunda-feira (21) com os prefeitos das cidades atingidas, que a verba estadual de combate à seca será destinada à compra de alimentos e contratação de carros-pipa. A estimativa é que 400 mil pessoas estejam sofrendo com a estiagem. Segundo levantamento dos municípios são necessárias 1.041 viagens de carros-pipas por dia para suprir a demanda.

Nos 18 municípios em emergência em Sergipe, 104 mil pessoas estão diretamente afetadas pela estiagem. Segundo a Defesa Civil Estadual, 126 carros-pipa estão sendo distribuídos por dia para amenizar o desabastecimento das comunidades rurais.

No Piauí, 122 municípios tiveram decreto de situação emergência homologado pelo Estado. A Secretaria Estadual da Defesa Civil informou que vai contratar carros-pipa para os municípios mais afetados, garantindo o abastecimento de água. Na primeira etapa, serão contratados 300 caminhões
. O programa do governo também oferece cesta básica às famílias atingidas e ração para os animais.


Estiagem prolongada

Segundo moradores ouvidos pelo UOL durante visita às cidades mais afetadas da região, a seca deste ano seria uma das maiores da história. Contudo, segundo o meteorologista e coordenador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Humberto Barbosa, a mensuração exata do tamanho da seca não é possível de ser realizada, já que há uma série de fatores e dados que têm de ser levados em conta. Além disso, a estiagem registrada este ano ainda não teve seu ciclo encerrado. Contudo, governos estaduais citam que é a pior estiagem em ao menos 30 anos.

Um documento enviado nesta terça-feira (22) aos governadores e à presidente Dilma Rousseff, elaborado pela ASA (Associação do Semiárido) --que reúne cerca de 750 entidades do sertão nordestino--, diz que o momento enfrentado pelo Nordeste é “extremamente grave” e que a estiagem deverá se prolongar até 2013.

“Desde o ano passado não chove o suficiente para acumular água nas cisternas para consumo da família e para a produção. O quadro atual é grave! Há que se priorizar o socorro imediato às famílias que estão sem água, mas há a mesma urgência em investir em ações estruturantes para que essas famílias possam enfrentar os períodos de longa estiagem, cíclicos e previsíveis, sem passar fome ou sede”, alega a ASA, cobrando ações de convivência do sertanejo com a estiagem e políticas públicas que minimizem os tradicionais ganhos da “indústria da seca”.

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