Após acordo, sem-terra deixam Ministério da Fazenda
0
agosto 23, 2011
NÁDIA GUERLENDA
DE BRASÍLIA
Os trabalhadores sem-terra que ocupavam o Ministério da Fazenda desde a manhã desta terça-feira (23) aceitaram deixar o local após o governo concordar em fazer uma reunião com seus representantes. O encontro ocorrerá no Palácio do Planalto, às 17h. Não há informações precisas, mas estima-se que participaram do bloqueio de cerca de 1.000 manifestantes.
Por volta das 5h30 de hoje, os manifestantes invadiram o "hall" de entrada da pasta e passaram a proibir o acesso de funcionários --que puderam, entretanto, entrar pelo prédio anexo. Os manifestantes também ocupavam todo o estacionamento do ministério.
O secretário nacional de articulação social, Paulo Maldos, representou o governo na negociação e subiu ao carro de som para falar com os manifestantes. Ele afirmou que estarão presentes à reunião o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, a ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann, o secretário do Tesouro Nacional Arno Augustin Filho e Gilson Bittencourt, assessor da área de crédito rural da Fazenda.
Após votação aberta dos integrantes do movimento, foi decidido que o ministério seria desocupado e que, provavelmente, os manifestantes iriam para a frente do Palácio do Planalto --mas uma nova votação após o almoço seria realizada.
Entre os assuntos que os sem-terra querem discutir com o governo, estão a reforma agrária, o assentamento de cerca de 60 mil famílias que estão acampadas e o refinanciamento do crédito rural para pequenos produtores.
De acordo com João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra), cerca de 25% dos pequenos produtores estão endividados, e a proporção sobe para 55% nos assentamentos.
"Resolvemos fazer a manifestação porque não estamos vendo acontecer nada em relação à reforma agrária nesse governo. Eles dizem que é porque é o primeiro ano, mas a nossa avaliação é que esse é o nono ano de governo Lula", afirmou Rodrigues.
Sobre os cortes no orçamento que afetaram boa parte dos programas sociais do governo, Rodrigues disse "que é uma questão de prioridade". "Corte é um problema do governo. Por que não cortaram verba do agronegócio, então?"